segunda-feira, 4 de abril de 2011

CRÍTICA BIOÉTICA ESCRIBA: O QUE NINGUÉM DIZ SOBRE A CRISE DE FUKUSHIMA EM QUATRO BREVES PARÁGRAFOS

QUEM? Alexandre Quaresma (1967). Escritor e editor desse blog. **************************************************************************** CRÍTICA Existem algumas reflexões que não estão sendo desenvolvidas satisfatoriamente - especialmente nas mídias jornalísticas - acerca do esclarecimento da população sobre a utilização da energia nuclear - e isso, mesmo depois desse terrível acidente atômico cujos desdobramentos totais ignoramos e estão ainda por se consolidar. Assim, brevemente, tentarei elencar algumas considerações importantes que corroboram e vêm a se somar à massa crítica de pessoas das mais diversas atividades e áreas do saber humano que é radicalmente contra o uso da energia nuclear como alternativa aceitável, viável e sustentável de geração de energia. Sendo assim, sem embargos, vamos à crítica. **************************************************************************** 1.Vazamento de radiação no Japão significa vazamento de radiação no mundo, ou seja, no planeta como um todo. Em sua global e indivisível totalidade. É mais radiação além da natural solta por aí, em altas concentrações, pois a radioatividade, uma vez liberada na atmosfera terrestre, apenas se fragmenta e se dissipa lentamente para concentrações menores e mais baixas, mas não se dissolve totalmente nunca. É Gaia intoxicando-se irreversivelmente com material radioativo. O que vale dizer - de passagem - que meia dúzia de acidentes como esse (ao mesmo tempo no mundo) poderia comprometer a saúde e a própria vida no planeta Terra. "A nuvem radioativa está indo para o Pacífico..." - diziam os especialistas ecoanalfabetos em tom tranquilizador através da mídia robótica e acrítica - como se o Oceano Pacífico fosse um lugar indigno, irrelevante, totalmente desimportante para a organização da vida no planeta Terra em termos ecológicos, e como se lá não vivessem e transitassem milhares de espécies vivas de todas as naturezas possíveis e imaginárias, da maior importância, que inclusive estão inclusas em nossos cardápios alimentares de predadores onívoros, constituindo parte de nossa fonte de alimentação; enfim pura ecoignorância. Isso tudo, sem falar no plancton e na complexa cadeia alimentar marinha que absorve e transporta essas substâncias tóxicas entre as espécies, podendo chegar - inclusive - à nossa mesa. É preciso ter claro: acidentes e imprevistos acontecem - as provas estão aí - e por isso não podemos ignorar essas sombrias possibilidades de catástrofes e acidentes como factíveis. Como todo material radioativo - urânio, plutônio, césio etc. matéria prima da tecnologia nuclear - é extremamente tóxico, volátil, poluente, perigoso e especialmente instável, investir em projetos assim passa a ser um risco muito grande para uma contrapartida de geração de energia muito parca e incipiente. Até porque, quando há acidentes, localidades, edificações, objetos, ar, solo, água, animais e pessoas que se submeterem ao contato direto ou indireto com essas substâncias estão irreversivelmente contaminados, e os seres vivos sujeitos a degenerações fisiológicas horríveis e degradantes que podem atravessar as gerações, gerando trauma e deformações genéticas graves e irreversíveis. Uma vez que há vazamento - e Fukushima continua vazando - há liberação de material radioativo para a atmosfera terrestre de forma irreversível e global, e os desarranjos não tardam em surgir. Por consequência, torna-se bioeticamente inaceitável o uso de usinas atômicas nucleares como fonte de fornecimento de energia para a humanidade, haja vista seu alto custo humano e ambiental, e seus riscos imprevisíveis. ****************************************************************************** 2.Gerar energia elétrica através de material radioativo significa dizer que haverá quantidades cada vez maiores de lixo radioativo, os famigerados rejeitos atômicos radioativos, que por sua vez têm que ser blindados e enterrados, pois serão sempre contaminantes potenciais de altíssima toxicidade para o meio ambiente e para os seres vivos. Esse resíduo sujo, e por assim dizer eterno, é um outro problema que ninguém gosta de abordar, mas que também é determinante quando o assunto é matriz energética. A mesma lógica anterior vale também aqui: lixo radioativo na Rússia, no Japão ou no Brasil é a mesmíssima coisa. Os países que possuírem fontes alternanivas de energia devem buscá-las. Esse mundo, já combalido, explorado e degrado, não precisa de mais lixo atômico produzido em larga escala. **********************************************************************************3.O Brasil não precisa de Angra 1, 2, 3 nem muito menos de 4 ou 5. O Brasil não depende dessa terrível matriz energética para garantir um bom fornecimento de energia elétrica à sua população. Essa coisa toda de energia nuclear foi uma febre de imbecilidade que se espalhou pelo mundo, pois os poderosos da vez que tinham terminado de fazer uma pavorosa guerra mundial tinham nas mãos uma nefasta porém avançadíssima tecnologia, e não sabiam o que fazer com ela. Toda a pesquisa necessária à fissão nuclear para a bomba, agora seria reaproveitada de forma mais pacífica, por assim dizer, e o Brasil, como bom imitador acrítico de modelos internacionais ruins que é, imitou os demais países do mundo que à época implementavam seus projetos atômicos. Sem falar, é claro, que Angra 1, por exemplo, gera apenas a metade da energia necessária para abastecer a cidade do Rio de Janeiro, ou seja, um risco altíssimo e desnecessário, para a geração de uma determinada quantidae de energia que poderia certamente ser gerada e otimizada de outras maneiras, mais limpas e sustentáveis. Nós de fato não temos terremotos e tsunamis, mas estamos sujeitos - Deus nos livre - a sermos atingidos por qualquer fragmento sólido espacial como meteoritos e meteoros em pleno Atlântico e aí... babau Cidade Maravilhosa, ou seja, uma 'catátrofe' daquelas no ventilador, como se diz no popular. Existem milhares de alternativas a serem avaliadas antes de se investir mais dinheiro nesse temerário projeto. Por essas e por outras, eu digo não à energia nuclear! ********************************************************************************** 4. Se a energia nuclear fosse tão segura assim como os entusiastas gostam de afirmar, poderiam ser feitos seguros das usinas existentes, mas isso não é possível: as seguradoras internacionais querem distância de usinas nucleares! **********************************************************************************Da Redação.

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